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06/09/2014

Música V

Aqui está a crónica duma das mais icónicas cerimónias de música de sempre:   

MTV VIDEO MUSIC AWARDS 2014
Tanto barulho para nada
Por: Henrique Real

       No passado dia 24 de Agosto, por volta da uma da manhã em ponto (hora portuguesa), realizou-se o espetáculo anual do canal MTV, os Video Music Awards (VMA), que teve lugar no The Forum em Inglewood, Califórnia. Sendo a trigésima primeira gala, este evento tem como objetivo principal premiar os videoclips mediante várias categorias. Outras das razões de que esta vasta série de eventos é conhecida é pela exibição fashion feita pelas estrelas presentes e nomeadamente pelas atuações antes e durante o show. Estas últimas, devido ao seu esplendor e magnitude, costumam ter a função de promover singles, conseguindo assim um impacto comercial mais significativo do que noutras actuações em programas televisivos (por exemplo). É pelos três motivos referidos anteriormente que estes espetáculos são lembrados pelo seu público que é constituído maioritariamente por jovens que ambicionam, não só ver as suas estrelas e os seus vestidos ao vivo como também para ver as suas performaces vistosas. Este ano, celebridades como Ariana Grande, Nicki Minaj, Taylor Swift, Iggy Azalea ou Beyoncé foram a imagem de marca, tendo a maior parte das nomeações e atuações. No campo dos videoclips, este ano, houve muita variedade devido também à ascensão de novas popstars.   
      Como é habitual, a abertura deste evento (como muitos outros do género) foi feita com o apreciado ritual red carpet onde as estrelas exibiram os vestidos extravagantes e provocantes criando assim um momento fashion que o público tanto apreciou e criticou positiva e negativamente. A acompanhar isso vieram as habituais entrevistas às estrelas que iam atuar ou que estavam nomeadas para o astronauta prateado. Entretanto também houve a revelação dos vencedores da categoria para Best Lyric Video (melhor videoclip com a letra) que foi para "Don't Stop" dos 5 Seconds Of Summer. Entre as cinco nomeações estavam os incontornáveis "Birthday" de Katy Perry e "Problem" de Ariana Grande. No chamado pre-show, foram o grupo feminino Fifth Harmony e Charli XCX que actuaram (separadamente), tendo cantado as músicas "Bo$$" e "Boom Clap" respetivamente. Normalmente esta parte do evento costuma ser conhecida por lançar os artistas recém-conhecidos para a fama a longo prazo. Neste caso, as artistas deste ano poderão vir ganhar protagonismo no ano seguinte, no entanto esta atuação foi pouco "chamativa".
     O espetáculo foi aberto com a medley de "Break Free", "Anaconda" e "Bang Bang" que contou com a performance de Ariana Grande, Nicki Minaj e Jessie J em conjunto. Referente à primeira parte desta medley, tivemos um ambiente sci-fi (como no videoclip), uma coreografia simples e um fraco desempenho de Ariana que não igualou ao vivo as notas vocais da versão de estúdio e mostrou também que não conseguiu controlar a sua potente voz, acabando por desafinar. Depois tivemos Nicki Minaj que nos apresentou o seu mais recente single "Anaconda" num ambiente selvagem, com uma coreografia provocante muito semelhante à do seu videoclip. A única falha desta parte foi o facto de certas palavras da letra estarem censuradas e como solução não foram referidas pela cantora, o que criou lacunas na música, quebrando assim a dinâmica. Finalizamos assim esta medley com Jessie J que iniciou "Bang Bang" com uma boa exibição vocal. Entretanto, Ariana juntou-se novamente ao palco para cantar a sua parte com melhor desempenho vocal do que na música anterior, e no fim Minaj regressou completando assim o trio. Esta última mal teve tempo para mudar de roupa porque esteve com as mãos ocupadas a segurar o vestido durante o seu desempenho. Em paralelo, a euforia do público foi tanta que mal se conseguiu ouvir a sua voz. Esta parte desta abertura foi mais simples e austera, não tendo bailarinos, nem coreografia, nem adereços de palco ou nem um guarda-roupa extravagante.
      Começou-se por saber a vencedora para Best Female Video (melhor videoclip de uma artista feminina) que foi apresentada por Snoop Dogg e Gwen Stefani. Entre os nomeados estavam Beyoncé com "Partition", Lorde com "Royals", Iggy Azalea com "Fancy" e Ariana Grande com "Problem", tendo vencido Katy Perry com "Dark Horse". De seguida tivemos no palco o comediante da SNL, Jay Pharoah que fez rir o público com piadas a ridicularizar Minaj e Ariana. A seguir a Jay, Lorde apresentou a atuação de "Shake it off" de Taylor Swift, o seu mais recente single. Definitivamente que foi uma das melhores performances desta cerimónia onde o glamour e a sensualidade não faltaram. Maioritariamente estiveram bailarinos de smoking com uma coreografia clássica, e a meio, as mulheres encarregues das vozes de apoio também se juntaram aos passos de dança. É de certo modo notável a originalidade empregue por Swift, pois perto do fim, quando ela estava no cimo daquela grande estrutura (com a forma de 1989) e se apercebeu de que tinha de saltar para os braços dos bailarinos lá em baixo, ela parou de cantar e a música ficou interrompida por momentos, deixando os espetadores muito admirados. Mas ainda ficámos mais admirados quando ouvimos os desabafos da cantora enquanto ela descia umas escadas internas por detrás da mesma estrutura para ir ter com os bailarinos. Quando ela finalmente chegou, o show continuou como se não se tivesse passado nada. Acabou com um plano épico e Taylor Swift simplesmente shake o público, não o deixando indiferente. A próxima categoria foi a de Best Male Video (melhor videoclip de um artista masculino) onde o vencedor foi Ed Sheeran com "Sing", concorrendo com "The Monster" de Eminem, "All Of Me" de John Legend, "Happy" de Pharrell Williams e "Stay With Me" de Sam Smith. Quando Ed acabou de sair com a estatueta na mão, Jay Pharoah regressou ao palco, interpretando Jay-Z, gozando com a sua figura como marido e pai. De seguida, subiram ao palco as estrelas da sequela de "Doidos à Solta", Jim Carrey e Jeff Daniels que anunciaram o vencedor para Best Pop Video (melhor videoclip pop). Avicii com "Wake Me Up", Iggy Azalea com "Fancy", Pharrell Williams com "Happy" e Jason Derulo com "Talk Dirty" perderam para Ariana Grande com "Problem". Depois tivemos a atuação intimista e comovente de "Stay With Me" de Sam Smith, que em nada foi espalhafatosa, procurando assim dar relevo à voz do cantor. No fim da atuação de Smith, Common subiu para o palco, para fazer um apelo à paz, concluindo com um momento de silêncio em honra de Mike Brown. No fim dessa pausa,  apresentou o vencedor para Best Hip-Hop Video (melhor videoclip hip-hop). Entre os cinco nomeados, estavam Kanye West com "Black Skinhead" e Eminem com "Berzerk", mas foi Drake que conseguiu o Moonwalker com "Hold On (We're Going Home)". Drake não estava presente, tendo Common aceitado o prémio por ele. Pouco depois, Jay voltou ao palco, parodiando Kanye West, fazendo rir mais uma vez o público com esta caricata imitação do rapper. Não demorou muito para vermos Usher actuar com Nicki Minaj (sendo a última vez que ela subiu ao palco naquela noite), o seu mais recente single "She Came To Give It To You". Esta atuação foi simples, sendo suportada somente por alguns bailarinos e por uma coreografia muito expressiva e muito minuciosa. No fim desta performance, foi-nos revelado o vencedor da categoria de Best Rock Video (melhor videoclip rock). "Fever" dos Black Keys, "Until It's Gone" dos Linkin Park, "Demons" dos Imagine Dragons e "Do I Wanna Know?" dos Arctic Monkeys perderam para "Royals" de Lorde. Chegou a vez dos 5 Seconds of Summer subirem ao palco e cantarem o seu novo single "Amnesia" de uma forma muito austera e tradicional, sem qualquer aparato. Pela última vez, Jay Pharoah foi ao palco para revelar o vencedor para Artist to Watch (artista para assistir). O prémio foi para Fifth Harmony com "Miss Movin' On", derrotando assim 5 Seconds to Summer com "She Looks So Perfect", Charli XCX com "Boom Clap", Sam Smith com "Stay With Me" e Schoolboy Q com "Man Of The Year". Após a girls group ter recebido o VMA, é feita uma homenagem ao ator Robin Williams, recentemente falecido. De seguida, Jennifer Lopez apresentou a atuação de Iggy Azalea e Rita Ora para promover "Black Widow". Esta parte também foi um ponto alto da noite, embora não tenha sido perfeito. Foi uma atuação suportada por um ambiente e um guarda roupa aracnídeo, por uma coreografia simples mas graciosa, e sobretudo, foi tocada uma versão diferente (mais influenciada pela Pop-Rock) o que foi uma agradável surpresa. É de felicitar Iggy pela sua opção inteligente utilizada para contornar o problema das palavras censuradas, não se limitando a "lacunar" a canção como fez Minaj em "Anaconda", mas sim arranjou palavras alternativas para substituir as originais. A parte negativa foi quando percebemos que Rita Ora não conseguiu reproduzir ao vivo as notas vocais da versão de estúdio (exatamente o mesmo problema que reparamos em Ariana Grande na mesma noite). Sucedeu-se o concerto dos Maroon 5 que se realizou no exterior do edifício, estando a banda numa "ilha" rodeada de fãs. Com uma atuação simples e tradicional, a banda promoveu "Maps", o seu novo êxito. 
    Depois Jimmy Fallon, revelou o vencedor do prémio mais importante da noite: Best Video of the Year (melhor videoclip do ano) após ter proporcionado um momento cómico, interagindo assim com a plateia. Iggy Azelea com "Fancy", Sia com "Chandelier", Pharrell Williams com "Happy" e Beyoncé com "Drunk In Love" estiveram habilitados a ganhar o VMA, mas foi Miley Cyrus com "Wrecking Ball" que levou o astronauta prateado mais apetecido da noite, no entanto, estando ela presente na cerimónia, não o foi receber. Quem o fez foi um jovem sem-abrigo chamado Jesse, acolhido pela cantora para sensibilizar o público para a causa que o mesmo representa. Com um discurso bastante objetivo e sensacionalista, os espetadores ficaram boquiabertos. A atitude de Cyrus foi defenitivamente inesperada. Logo a seguir à saída de Jesse, os Maroon 5 regressaram para tocarem um dos seus grandes êxitos: "One More Night", que tem uma performance semelhante à anterior. Para finalizar as atuações da noite tivemos a mais longa delas todas: a de Beyoncé, que faz uma medley do seu último álbum (de nome próprio). Esta atuação devido à sua extensão teve meios suficientes para fazer um espetáculo vistoso, com muitos bailarinos, coreografias e cenários diferentes (se bem que os cenários eram austeros e minimalistas). No fim, todo o público cantou "XO" com a artista, finalizando a performance com um momento emocional e glorioso. A Queen B foi de facto a rainha da noite, tendo levado um prémio honorário (Michael Jackson Video Vanguard Award) que lhe foi entregue pelo marido e pela filha (Jay-Z e Blue Ivy Carter), encerrando assim esta cerimónia anual, aclamada e aplaudida pelos presentes.                  
      Em suma: tanto barulho para nada! Quando acabamos de ver os VMA deste ano ficamos com a sensação de que poderiam ter sido melhores, pois foi prometido algo muito deslumbrante, que não correspondeu à realidade (refiro-me às atuações, por exemplo), no entanto houve bons desempenhos como os de Taylor Swift, Iggy Azalea, Beyoncé e Nicki Minaj (esta última só com "Anaconda"). No fim de tudo isto, a sensação com que ficamos é que este evento não superou as expectativas comparando com os anos anteriores e depressa nos iremos esquecer desta noite que em nada foi especial.



HR

01/09/2014

Música IV

Esta semana vamos amar e relaxar ao som da edição de ouro de "Native": 

"NATIVE"
Os OneRepublic querem mais do que contar estrelas! 
Por: Henrique Real 

    Os OneRepublic eram uma banda que ainda não tinham mostrado do que eram capazes, até à chegada deste novo disco! O álbum "Dreaming Out Loud" tinha chamado à atenção da sua existência como artistas emergentes, devido principalmente ao grande êxito "Apologize" (depois de Timbaland dar um "jeitinho na coisa" é que este single ganhou reconhecimento) e o seu sucessor "Stop And Stare", depois, veio "Waking Up" que não teve o mesmo desempenho comercial que o anterior, ficando assim à quem das expetativas. No entanto, a qualidade artística dos mesmos não depende do quanto faturaram. A prova está em Ryan Tedder que até agora não era famoso por si (ou seja pelo seu próprio protagonismo), mas esteve por detrás das letras e da produção de várias grandes estrelas, contribuindo assim para o êxito das suas carreiras (entre uma enorme lista encontram-se Adele, Ariana Grande, Beyoncé, Birdy, Maroon 5, Demi Lovato, Ellie Goulding, B.o.B, Kelly Clarkson, Carrie Underwood, Jennifer Lopez, Jordin Sparks, Leona Lewis, Gavin DeGraw, Sebastian Ingrosso, Gym Class Heroes, One Direction, James Blunt, Paul Oakenfold, Ella Henderson, etc.). Mas o facto dos OneRepublic não terem sido comercialmente bem sucedidos não lhes dará a notoriedade e a procura que necessitam, logo, o que eles precisam é de um álbum que ponha as suas figuras conhecidas pelo bom trabalho que desempenham. Dessa vontade nasceu "Native".   
      A canção de abertura de "Native" é o terceiro single oficial que chegou ao nº2 no hot100 (que é estranho não ter chegado ao número um, uma vez que permaneceu mais de três meses no top dez) "Counting Stars", que foi escrita e produzida por Tedder, com colaboração na parte da produção de Zancanella. Esta música Pop-rock, com influências folk e neosoul, conta-nos a história (pouco usual na cultura pop atual, tornando-a assim original) de um rapaz que quer viver a vida ao rubro, mas a sua parceira tem como preocupação principal o dinheiro que obtém. O sujeito lírico apela-a para o deixar e passar a dar mais valor às maravilhas da vida e à sua relação ("Said, no more counting dollars/We'll be counting stars"). Instrumentalmente, esta faixa é relaxante e ao mesmo tempo agradável, e juntamente com a voz de Ryan Tedder (que é suave e melódica no corpo da canção, e forte e sensacionalista no refrão) fazem deste single uma imagem de marca do álbum (não poderia haver melhor abertura!). De seguida vem o primeiro single oficial do relançamento do álbum (quinto single no geral) "Love Runs Out", que também foi produzida por Tedder e escrita por todo o grupo. Esta música Pop-rock fala-nos de um rapaz de faz tudo para manter a sua relação com a sua amante, insistindo até ao fim da sua paixão. Nesta lírica, a ambição amorosa do sujeito poético é comparada com a tradicional ambição pela riqueza e pela fé que domina a maior parte das pessoas. Aqui a voz de Tedder está trabalhada de forma mais rústica e fria, embora no refrão atue em força, propagando-se no espaço. Agregado a isto vem também uma sonoridade sombria. No geral, esta canção é criativa em todas as suas estruturas, sendo um ponto forte da Gold EditionDepois temos "If I Lose Myself", o segundo single oficial de "Native", escrita por Tedder, Kutzle, Filkins e Blanco, e produzida por Blanco, Tedder e Kutzle, esta é uma faixa soft rock que é fortemente influenciada por uma sonoridade eletropop/house, e que juntamente com a "doce" voz que o vocalista nos proporciona leva-nos a um clima romântico (também ele dentro de uma onda no stress que de certa forma é o que caracteriza este disco). A reforçar essa ideia típica de dia de S. Valentim, a letra desta faixa transmite isso mesmo: o amor do sujeito poético pela sua cara metade. O primeiro single oficial deste disco, "Feel Again", é fortemente influenciado pelo estilo gospel, o que dá um ambiente vocal rico e uma sonoridade otimista, feito mais uma vez para os apaixonados que estão adormecidos e que quando se reencontram reacendem a sua "chama". Escrita e produzida por Tedder, Kutzle, Zancanella e Brown, esta é uma faixa soft rock romântica, semelhante à anterior. "What You Wanted" foi um single promocional escrito e produzido por Kutzle e Tedder e fala de um rapaz que diz fazer tudo pela sua cara metade, pois diz sentir o amor verdadeiro pela mesma. De certa forma, esta faixa Pop-Rock é muito semelhante à anterior, partilhando assim muitas das suas características, no entanto, em termos qualitativos acaba por ser mais fraca. Segue-se o possível novo single de "Native", escrito e produzido por Zancanella e Tedder, "I Lived", é uma faixa fortemente influenciada pelo género Country, que contém uma sonoridade bem-disposta e otimista, elevando assim a auto-estima do ouvinte. Aqui a lírica conta o conforto e a confiança que é dada através da experiência de vida do sujeito poético para com uma outra pessoa que o mesmo tem carinho, aconselhando-a assim em várias situações do quotidiano. "Light It Up" já é mais ao estilo de "Love Runs Out", sendo uma faixa pop-rock rústica, utilizando a voz de Tedder modificada artificialmente e tendo um corpo instrumental semelhante à segunda, no entanto, esta não alcança o potencial e a qualidade de "Love Runs Out". Escrita e produzida pela mesma dupla de "What You Wanted", a lírica desta canção é novamente de teor romântico falando da paixão que o "eu" poético não consegue conter pela pessoa que ama. Escrita por Tedder, Jeff Bhasker e Tyler Sam Johnson, e produzida por Bhasker, Johnson, Tedder e Emile Haynie, "Can't Stop" é uma balada soft rock que fala sobre os remorsos de uma relação falhada do "eu" poético, que mesmo depois de ter chegado ao fim ainda o ressente e angústia, pois ainda está "dependente" da mesma. Com uma sonoridade sensacionalista, mas ao mesmo tempo melancólica, esta é uma música que não deixa a opinião do ouvinte ser indiferente, pois sensibiliza-o (ou relaxa-o), conquistando-o assim através da harmonia entre a voz e o instrumental, fazendo assim uma combinação muito próxima da perfeição. "Au Revoir" foi escrita e produzida por Kutzle, em parceria com Tedder na parte da escrita, e é uma das faixas pop-rock mais tristes do álbum, retratando assim a vontade do sujeito poético em salvar a sua relação amorosa. "Burning Bridges" foi escrita pela mesma dupla da faixa anterior e produzida por Zdar & Boombass (the Cassius duo), Tedder, Kutzle e Zancanella, e é uma música bem mais optimista que a anterior. Ainda dentro do estilo predominante de "Native", este registo é muito leve e agradável, tendo uma melodia relaxante, levemente "contagiado" pelo estilo synthpop, que é acompanhada pelo bom desempenho vocal, estando mais uma vez tudo em equilíbrio. Aqui o sujeito poético faz um ultimato à sua amante que a obriga a agir e continuar a relação ou a acabar tudo, pois o mesmo está desiludido com o empenho da parceira. De seguida temos o quarto single oficial deste disco, "Something I Need" não retrata nada de novo dentro da lírica pop (a música fala do amor que o sujeito poético tem pela sua companheira), no entanto, como grande parte das faixas anteriores, está é uma canção pop/gospel que contém uma sonoridade apelativa e afável que conquista qualquer ouvido sensível, e mais uma vez, faz um bom uso da relação voz/melodia (com um elogio especial para o refrão que tem umas vozes de apoio bem conseguidas). Escrita e produzida por Tedder e Blanco, este single peca por ter uma letra convencional. Mais uma vez escrita e produzida pela dupla de "What You Wanted", "Preacher" é uma faixa synthpop com leves influências country e gospel que relata as memórias que o sujeito poético tem pelo seu avô que era pregador, mostrando-lhe assim um carinho especial. O que faz esta música ser melhor que a anterior é que tem uma letra mais interessante, no entanto os mesmos princípios artísticos relacionados à voz e à melodia mantém-se (e o refrão é exatamente trabalhado da mesma maneira). Tendo na escrita e na produção os mesmos créditos de "Au Revoir", "Don't Look Down" é uma música sobretudo orquestral e sinfónica, de pouca duração, cuja letra não passa de uma estrofe em que a mensagem é exatamente a mesma que é percetível no título. Na edição original de "Native", esta faixa era a conclusão do mesmo, isso talvez possa explicar o facto deste registo ser assim! Escrita e produzida pelo duo francês the Cassius (em parceria com Tedder na parte da escrita), "Something's Gotta Give" faz parte da edição relançada do álbum. Esta faixa pop-rock é fortemente influenciada pelo estilo synthpop, dando-lhe assim um ambiente de mágoa e aflição. O assunto desta canção é sobre o que se pode dar de mais importante numa relação, excluindo assim os bens materiais (como o dinheiro). Por fim, eis a última faixa inteiramente nova desta edição relançada, "Life In Color", foi mais uma vez escrita por Tedder e Kutzle e produzida pela mesma dupla com Sprinkle. Este registo é o mais vivo e ativo (ou até festivo!) deste disco, aproximando-se mais do estilo teen-pop. Aqui, sobressai a felicidade que a vida proporciona ao sujeito poético.
      Em suma: este é um álbum uniforme, sem relevo nem contraste entre as músicas apresentadas, tendo assim um estilo característico que a longo prazo será associado à imagem geral do mesmo. Isso, tem aspetos positivos (o facto de ter os objetivos bem defendidos e explorados, e de certa forma possuir uma imagem característica como foi dito anteriormente), e aspetos negativos (o facto da maior parte das faixas serem muito iguais, ganhando notoriedade as que realmente são muito boas, sendo o 'resto' só para "encher", o que não desenvolve variedade nenhuma mas sim saturação e repetição). O que vai compensando esta uniformização artística é o facto da sonoridade em geral ser calma e bem-disposta, coisa que já tínhamos percebido através da boa relação voz/melodia, e isso é algo que poucos artistas alcançam! - a harmonia de todos os meios em questão a fim de criar uma estrutura musical sólida. Também podemos realçar outro aspecto interessante: a lírica em geral, é simples, acessível e puramente romântica! O que de certa forma também é um aspeto pouco usual hoje em dia! No fundo, o grande problema deste álbum é a igualdade da sua fórmula na maior parte das faixas (em todos os seus constituintes). Com esta perspetiva, facilmente destinguimos as headlines do "resto": "Counting Stars"; "Love Runs Out"; "If I Lose Myself"; "I Lived"; "Can't Stop";  "Burning Bridges"; "Preacher" e "Life In Color". Neste contexto, é perceptível que este registo discográfico se adequa a momentos de paz, conforto e descanso como também se adapta a uma boa prenda no dia de S. Valentim. Indiscutivelmente que a segunda edição (Gold Edition) é melhor que a original standard ou que a original deluxe, pois contem três canções novas (analisadas acima), mais três versões acústicas de  "Burning Bridges", "What You Wanted" e "If I Lose Myself", e uma remix da autoria de Alesso desta ultima (tudo num único disco!). No fundo, é com "Native" que OneRepublic chegaram mais alto do que nunca nas suas carreiras (o disco atingiu o nº 4 no Billboard200 e desde 22 de Março do ano passado até hoje que ele ainda fatura!) e mostraram quererem mais que contar estrelas, mas sim fazer parte delas! No entanto espero que o próximo trabalho do grupo seja mais dinâmico e variado!


Os OneRepublic vêm a Portugal no dia 21 de Novembro ao MeoArena.

HR