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01/09/2014

Música IV

Esta semana vamos amar e relaxar ao som da edição de ouro de "Native": 

"NATIVE"
Os OneRepublic querem mais do que contar estrelas! 
Por: Henrique Real 

    Os OneRepublic eram uma banda que ainda não tinham mostrado do que eram capazes, até à chegada deste novo disco! O álbum "Dreaming Out Loud" tinha chamado à atenção da sua existência como artistas emergentes, devido principalmente ao grande êxito "Apologize" (depois de Timbaland dar um "jeitinho na coisa" é que este single ganhou reconhecimento) e o seu sucessor "Stop And Stare", depois, veio "Waking Up" que não teve o mesmo desempenho comercial que o anterior, ficando assim à quem das expetativas. No entanto, a qualidade artística dos mesmos não depende do quanto faturaram. A prova está em Ryan Tedder que até agora não era famoso por si (ou seja pelo seu próprio protagonismo), mas esteve por detrás das letras e da produção de várias grandes estrelas, contribuindo assim para o êxito das suas carreiras (entre uma enorme lista encontram-se Adele, Ariana Grande, Beyoncé, Birdy, Maroon 5, Demi Lovato, Ellie Goulding, B.o.B, Kelly Clarkson, Carrie Underwood, Jennifer Lopez, Jordin Sparks, Leona Lewis, Gavin DeGraw, Sebastian Ingrosso, Gym Class Heroes, One Direction, James Blunt, Paul Oakenfold, Ella Henderson, etc.). Mas o facto dos OneRepublic não terem sido comercialmente bem sucedidos não lhes dará a notoriedade e a procura que necessitam, logo, o que eles precisam é de um álbum que ponha as suas figuras conhecidas pelo bom trabalho que desempenham. Dessa vontade nasceu "Native".   
      A canção de abertura de "Native" é o terceiro single oficial que chegou ao nº2 no hot100 (que é estranho não ter chegado ao número um, uma vez que permaneceu mais de três meses no top dez) "Counting Stars", que foi escrita e produzida por Tedder, com colaboração na parte da produção de Zancanella. Esta música Pop-rock, com influências folk e neosoul, conta-nos a história (pouco usual na cultura pop atual, tornando-a assim original) de um rapaz que quer viver a vida ao rubro, mas a sua parceira tem como preocupação principal o dinheiro que obtém. O sujeito lírico apela-a para o deixar e passar a dar mais valor às maravilhas da vida e à sua relação ("Said, no more counting dollars/We'll be counting stars"). Instrumentalmente, esta faixa é relaxante e ao mesmo tempo agradável, e juntamente com a voz de Ryan Tedder (que é suave e melódica no corpo da canção, e forte e sensacionalista no refrão) fazem deste single uma imagem de marca do álbum (não poderia haver melhor abertura!). De seguida vem o primeiro single oficial do relançamento do álbum (quinto single no geral) "Love Runs Out", que também foi produzida por Tedder e escrita por todo o grupo. Esta música Pop-rock fala-nos de um rapaz de faz tudo para manter a sua relação com a sua amante, insistindo até ao fim da sua paixão. Nesta lírica, a ambição amorosa do sujeito poético é comparada com a tradicional ambição pela riqueza e pela fé que domina a maior parte das pessoas. Aqui a voz de Tedder está trabalhada de forma mais rústica e fria, embora no refrão atue em força, propagando-se no espaço. Agregado a isto vem também uma sonoridade sombria. No geral, esta canção é criativa em todas as suas estruturas, sendo um ponto forte da Gold EditionDepois temos "If I Lose Myself", o segundo single oficial de "Native", escrita por Tedder, Kutzle, Filkins e Blanco, e produzida por Blanco, Tedder e Kutzle, esta é uma faixa soft rock que é fortemente influenciada por uma sonoridade eletropop/house, e que juntamente com a "doce" voz que o vocalista nos proporciona leva-nos a um clima romântico (também ele dentro de uma onda no stress que de certa forma é o que caracteriza este disco). A reforçar essa ideia típica de dia de S. Valentim, a letra desta faixa transmite isso mesmo: o amor do sujeito poético pela sua cara metade. O primeiro single oficial deste disco, "Feel Again", é fortemente influenciado pelo estilo gospel, o que dá um ambiente vocal rico e uma sonoridade otimista, feito mais uma vez para os apaixonados que estão adormecidos e que quando se reencontram reacendem a sua "chama". Escrita e produzida por Tedder, Kutzle, Zancanella e Brown, esta é uma faixa soft rock romântica, semelhante à anterior. "What You Wanted" foi um single promocional escrito e produzido por Kutzle e Tedder e fala de um rapaz que diz fazer tudo pela sua cara metade, pois diz sentir o amor verdadeiro pela mesma. De certa forma, esta faixa Pop-Rock é muito semelhante à anterior, partilhando assim muitas das suas características, no entanto, em termos qualitativos acaba por ser mais fraca. Segue-se o possível novo single de "Native", escrito e produzido por Zancanella e Tedder, "I Lived", é uma faixa fortemente influenciada pelo género Country, que contém uma sonoridade bem-disposta e otimista, elevando assim a auto-estima do ouvinte. Aqui a lírica conta o conforto e a confiança que é dada através da experiência de vida do sujeito poético para com uma outra pessoa que o mesmo tem carinho, aconselhando-a assim em várias situações do quotidiano. "Light It Up" já é mais ao estilo de "Love Runs Out", sendo uma faixa pop-rock rústica, utilizando a voz de Tedder modificada artificialmente e tendo um corpo instrumental semelhante à segunda, no entanto, esta não alcança o potencial e a qualidade de "Love Runs Out". Escrita e produzida pela mesma dupla de "What You Wanted", a lírica desta canção é novamente de teor romântico falando da paixão que o "eu" poético não consegue conter pela pessoa que ama. Escrita por Tedder, Jeff Bhasker e Tyler Sam Johnson, e produzida por Bhasker, Johnson, Tedder e Emile Haynie, "Can't Stop" é uma balada soft rock que fala sobre os remorsos de uma relação falhada do "eu" poético, que mesmo depois de ter chegado ao fim ainda o ressente e angústia, pois ainda está "dependente" da mesma. Com uma sonoridade sensacionalista, mas ao mesmo tempo melancólica, esta é uma música que não deixa a opinião do ouvinte ser indiferente, pois sensibiliza-o (ou relaxa-o), conquistando-o assim através da harmonia entre a voz e o instrumental, fazendo assim uma combinação muito próxima da perfeição. "Au Revoir" foi escrita e produzida por Kutzle, em parceria com Tedder na parte da escrita, e é uma das faixas pop-rock mais tristes do álbum, retratando assim a vontade do sujeito poético em salvar a sua relação amorosa. "Burning Bridges" foi escrita pela mesma dupla da faixa anterior e produzida por Zdar & Boombass (the Cassius duo), Tedder, Kutzle e Zancanella, e é uma música bem mais optimista que a anterior. Ainda dentro do estilo predominante de "Native", este registo é muito leve e agradável, tendo uma melodia relaxante, levemente "contagiado" pelo estilo synthpop, que é acompanhada pelo bom desempenho vocal, estando mais uma vez tudo em equilíbrio. Aqui o sujeito poético faz um ultimato à sua amante que a obriga a agir e continuar a relação ou a acabar tudo, pois o mesmo está desiludido com o empenho da parceira. De seguida temos o quarto single oficial deste disco, "Something I Need" não retrata nada de novo dentro da lírica pop (a música fala do amor que o sujeito poético tem pela sua companheira), no entanto, como grande parte das faixas anteriores, está é uma canção pop/gospel que contém uma sonoridade apelativa e afável que conquista qualquer ouvido sensível, e mais uma vez, faz um bom uso da relação voz/melodia (com um elogio especial para o refrão que tem umas vozes de apoio bem conseguidas). Escrita e produzida por Tedder e Blanco, este single peca por ter uma letra convencional. Mais uma vez escrita e produzida pela dupla de "What You Wanted", "Preacher" é uma faixa synthpop com leves influências country e gospel que relata as memórias que o sujeito poético tem pelo seu avô que era pregador, mostrando-lhe assim um carinho especial. O que faz esta música ser melhor que a anterior é que tem uma letra mais interessante, no entanto os mesmos princípios artísticos relacionados à voz e à melodia mantém-se (e o refrão é exatamente trabalhado da mesma maneira). Tendo na escrita e na produção os mesmos créditos de "Au Revoir", "Don't Look Down" é uma música sobretudo orquestral e sinfónica, de pouca duração, cuja letra não passa de uma estrofe em que a mensagem é exatamente a mesma que é percetível no título. Na edição original de "Native", esta faixa era a conclusão do mesmo, isso talvez possa explicar o facto deste registo ser assim! Escrita e produzida pelo duo francês the Cassius (em parceria com Tedder na parte da escrita), "Something's Gotta Give" faz parte da edição relançada do álbum. Esta faixa pop-rock é fortemente influenciada pelo estilo synthpop, dando-lhe assim um ambiente de mágoa e aflição. O assunto desta canção é sobre o que se pode dar de mais importante numa relação, excluindo assim os bens materiais (como o dinheiro). Por fim, eis a última faixa inteiramente nova desta edição relançada, "Life In Color", foi mais uma vez escrita por Tedder e Kutzle e produzida pela mesma dupla com Sprinkle. Este registo é o mais vivo e ativo (ou até festivo!) deste disco, aproximando-se mais do estilo teen-pop. Aqui, sobressai a felicidade que a vida proporciona ao sujeito poético.
      Em suma: este é um álbum uniforme, sem relevo nem contraste entre as músicas apresentadas, tendo assim um estilo característico que a longo prazo será associado à imagem geral do mesmo. Isso, tem aspetos positivos (o facto de ter os objetivos bem defendidos e explorados, e de certa forma possuir uma imagem característica como foi dito anteriormente), e aspetos negativos (o facto da maior parte das faixas serem muito iguais, ganhando notoriedade as que realmente são muito boas, sendo o 'resto' só para "encher", o que não desenvolve variedade nenhuma mas sim saturação e repetição). O que vai compensando esta uniformização artística é o facto da sonoridade em geral ser calma e bem-disposta, coisa que já tínhamos percebido através da boa relação voz/melodia, e isso é algo que poucos artistas alcançam! - a harmonia de todos os meios em questão a fim de criar uma estrutura musical sólida. Também podemos realçar outro aspecto interessante: a lírica em geral, é simples, acessível e puramente romântica! O que de certa forma também é um aspeto pouco usual hoje em dia! No fundo, o grande problema deste álbum é a igualdade da sua fórmula na maior parte das faixas (em todos os seus constituintes). Com esta perspetiva, facilmente destinguimos as headlines do "resto": "Counting Stars"; "Love Runs Out"; "If I Lose Myself"; "I Lived"; "Can't Stop";  "Burning Bridges"; "Preacher" e "Life In Color". Neste contexto, é perceptível que este registo discográfico se adequa a momentos de paz, conforto e descanso como também se adapta a uma boa prenda no dia de S. Valentim. Indiscutivelmente que a segunda edição (Gold Edition) é melhor que a original standard ou que a original deluxe, pois contem três canções novas (analisadas acima), mais três versões acústicas de  "Burning Bridges", "What You Wanted" e "If I Lose Myself", e uma remix da autoria de Alesso desta ultima (tudo num único disco!). No fundo, é com "Native" que OneRepublic chegaram mais alto do que nunca nas suas carreiras (o disco atingiu o nº 4 no Billboard200 e desde 22 de Março do ano passado até hoje que ele ainda fatura!) e mostraram quererem mais que contar estrelas, mas sim fazer parte delas! No entanto espero que o próximo trabalho do grupo seja mais dinâmico e variado!


Os OneRepublic vêm a Portugal no dia 21 de Novembro ao MeoArena.

HR

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